Prefeito do Rio apoia operação policial que deixou 68 mortos
O prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, veio às redes sociais há pouco apoiar as ações do governo do estado contra o crime organizado e que já deixaram ao menos 64 mortos e 821 presos na operação policial Contenção, nos Complexos da Penha e do Alemão, desde a manhã desta terça-feira (28). 

“A primeira mensagem que gostaria de passar para vocês é que o Rio de Janeiro não vai e não pode ficar refém de grupos criminosos que buscam espalhar medo pelas ruas da nossa cidade”, declarou, por meio da plataforma X. Ele disse que está acompanhando a operação desde o início da tarde. “Compete ao poder público a tarefa de ser implacável contra os grupos criminosos que buscam amedrontar a população e o trabalhador”, completou, ao final do vídeo curto.
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No pronunciamento, o prefeito também disse que os serviços municipais funcionarão até o final do dia.
“Determinei a todos os órgãos municipais que funcionassem normalmente e prestassem apoio à população em caso de necessidade”. Ele garantiu que o BRT, o corredor expresso de ônibus, está funcionando normal.
A decisão de Paes, de manter os serviços abertos e de apoiar a ação da polícia, no entanto, foi bastante questionada no próprio perfil do prefeito.
“Botando a vida de outros trabalhadores em risco. Essa visão de performance do trabalho é irritante, adoecedora e assassina”, disse a conta Death or Love . Apenas serviços essenciais deveriam funcionar. Trabalhadores são pessoas e tem famílias”. O posto de saúde Zilda Arns, no Alemão, encerrou as atividades às 14h.
Paes também foi criticado por pessoas que tentam voltar para casa.
“Eduardo Paes, estou presa na Gávea. Vários ônibus da [viação] Redentor no ponto final simplesmente decidiram ficar na garagem”, relatou @zicozismo. O @ Garato dos Dados disse que as pessoas estão com medo de voltar para a comunidade onde moram. “Ridículo esse vídeo e atitude, o Comando Vermelho fechou as avenidas e mostrou que afeta sim todo o Rio de Janeiro. Os trabalhadores são os principais reféns”, avaliou @Ped_Luc.
Em bairros da zona norte, como a Tijuca, o comércio fechou as portas, como é possível observar em vídeos da Praça Saenz Peña, postados nas redes sociais, com as pessoas saindo às pressas das ruas.
Também nas rede verificamos ônibus municipais parados e carros saindo na contramão na grande Tijuca.
Ainda no Complexo do Alemão, a principal via, a Estrada do Itararé, teve o comércio fechado, conforme divulgou o jornal A Voz das Comunidades. A região está deserta.
O debatedor do Sem Censura e comunicador popular Jota Marques relatou que está a 1h30 tentando voltar para casa, em Cidade de Deus, na zona oeste.
“Milhares de trabalhadores estão na mesma situação — ou pior. Ônibus atravessados nas ruas, confronto armado, linhas suspensas. Professores e crianças presos nas escolas”, relatou ele, que já foi conselheiro tutelar. “Nenhum carro por aplicativo [aceita corridas], e hoje me recuso a subir numa moto. Caminharei o que for preciso, mas ninguém poderá dizer que confundiu minha pochete com um fuzil, nem meu corpo [negro] com o de um bandido,” completou.
