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A cerimônia de posse da ministra das Mulheres, Márcia Lopes, nesta quarta-feira (28), em Brasília, virou um ato de apoio à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que sofreu ofensas de parlamentares um dia antes, no Senado Federal.

Em entrevista coletiva à imprensa após a posse, a nova ministra das Mulheres disse que está estarrecida com o episódio. Márcia Lopes também opinou sobre as críticas ao posicionamento dos senadores da base governista que não teriam saído imediatamente em defesa da ministra Marina Silva no decorrer da audiência da Comissão de Infraestrutura que debatia exploração de petróleo na margem equatorial da foz do Rio Amazonas. 

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“Às vezes, as pessoas ficam tão chocadas com aquela atitude e não sabem o desdobramento, que não tomam essa atitude. Mas, se eu estivesse lá, provavelmente, eu agiria. É isso que a gente precisa: que os nossos parceiros, que as pessoas, de fato, se mobilizem, tenham coragem”, se posicionou.

A ministra Márcia revelou que já conversou com a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, para sugerir que sejam chamadas para uma reunião o grupo de ministras de Estado, demais integrantes do governo federal e mulheres integrantes do parlamento para se posicionarem. Segundo a ministra, as presidências da Câmara e do Senado devem ser incitadas a tomarem as devidas providências sobre episódios do tipo.

 “É inadmissível isso. Cada vez que algum deputado se arvora no direito de agir como agiu, é um péssimo exemplo para a sociedade brasileira, para a juventude que vai se afastando da política”.

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Ao transmitir o cargo, a ex-ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, também se solidarizou à colega. “Somos muito poucas na política, além de vítimas constantes de ataques misóginos, como aconteceu ontem com a ministra Marina Silva. Aqui quero deixar minha solidariedade”, disse a antecessora.


Brasília (DF) 28/05/2025 Cerimônia de transmissão de cargo do Ministério das Mulheres. Márcia Lopes, assume a pasta no lugar de Cida Gonçalves. Participam do evento autoridades de governo e representantes de movimentos de mulheres e de organizações da sociedade civil.  Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Brasília (DF) 28/05/2025 Cerimônia de transmissão de cargo do Ministério das Mulheres. Márcia Lopes, assume a pasta no lugar de Cida Gonçalves. Participam do evento autoridades de governo e representantes de movimentos de mulheres e de organizações da sociedade civil.  Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
 Ao lado da nova ministra, Cida Gonçalves prestou solidariedade a Marina Silva – Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Imperdoável

Na cerimônia, a ministra de Relações Institucionais da Presidência da República, Gleisi Hoffmann, classificou como “imperdoável” o ataque feito a Marina como ministra, como mulher e como cidadã. 

“A divergência, a disputa pelas ideias fazem parte da democracia. Ninguém quer impor nenhuma posição. Agora, o desrespeito e a forma como as pessoas são tratadas e, especialmente, como a ministra Marina foi tratada, merece todo o nosso repúdio. Marina tem uma história que tem que ser respeitada”, reforçou Gleisi.


Brasília (DF) 28/05/2025 Cerimônia de transmissão de cargo do Ministério das Mulheres. Márcia Lopes, assume a pasta no lugar de Cida Gonçalves. Participam do evento autoridades de governo e representantes de movimentos de mulheres e de organizações da sociedade civil.  Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Brasília (DF) 28/05/2025 Cerimônia de transmissão de cargo do Ministério das Mulheres. Márcia Lopes, assume a pasta no lugar de Cida Gonçalves. Participam do evento autoridades de governo e representantes de movimentos de mulheres e de organizações da sociedade civil.  Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Gleisi Hoffman classificou como imperdoável o tratamento dado a Marina Sivla Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Manifestações

Na plateia da cerimônia de posse da ministra das Mulheres, parlamentares e outras autoridades, além de representantes de movimentos de mulheres, se solidarizaram à ministra Marina Silva.

A deputada federal Jack Rocha (PT-ES), que assumiu a coordenadoria-Geral dos Direitos da Mulher da Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados na última semana, classificou os fatos como um episódio horroroso do parlamento brasileiro. 


Brasília (DF) 28/05/2025 Cerimônia de transmissão de cargo do Ministério das Mulheres. Márcia Lopes, assume a pasta no lugar de Cida Gonçalves. Participam do evento autoridades de governo e representantes de movimentos de mulheres e de organizações da sociedade civil.  Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Brasília (DF) 28/05/2025 Cerimônia de transmissão de cargo do Ministério das Mulheres. Márcia Lopes, assume a pasta no lugar de Cida Gonçalves. Participam do evento autoridades de governo e representantes de movimentos de mulheres e de organizações da sociedade civil.  Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Durante a cerimônia, várias mulheres se manifestaram em defesa de Marina Silva- Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

“Nós mulheres, que somos mais de 50% da população [brasileira], fomos todas desrespeitadas e não podemos aceitar que aquilo que aconteceu no Senado e que, recorrente, também acontece na Câmara, seja transformado em algo cotidiano e naturalizado”. A secretaria da Mulher da Câmara também publicou, nesta quarta-feira, uma nota de repúdio na qual diz que o tratamento dado a Marina foi um “ataque brutal à democracia”.

Uma das parlamentares que assina o documento é a deputada federal Erika Kokay (PT-DF), que definiu a posse no Ministério das Mulheres como um ato de desagravo para apoiar a ministra Marina Silva.

“Não podemos permitir que nós tenhamos essas expressões misóginas, que buscam colocar a mulher em locais que foram determinados pelo patriarcado e pela lógica sexista e machista.

A deputada federal Talíria Petrone (Psol-RJ) também se colocou contrária à violência política de gênero. A parlamentar explicou que se já é difícil para as mulheres entrarem na política, é mais difícil ainda permanecer nestes espaços. “Existe, ainda, uma ocupação dos espaços de poder muito masculina e uma violência para que a gente [não] fique nesse espaço.”. 

Na opinião da deputada Célia Xakriabá (Psol-MG), as agressões à ministra do Meio Ambiente, no mesmo ano de realização, no Brasil, da COP30 [Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima], vai mais longe. “Para além de parte de governo, ela é reconhecida como a mulher que defende o território. Ontem, não atacaram somente a ministra Marina Silva. Atacaram a floresta, a terra, as mulheres indígenas e todo o processo [de defesa ambiental] que nós temos discutido há mais de 40 anos.”

Como membro da direção do Movimento de Mulheres Camponesas, Julciane Inês Anzilago se uniu às outras vozes presentes e rechaçou as falas agressivas dos senadores homens em relação à ministra Marina Silva. Julciane ainda cobrou postura masculina na luta contra a misoginia e contra o machismo.

“Os homens também são parte dessa sociedade e assumir a postura contra qualquer tipo de violência em relação às mulheres, e nesse momento em relação à questão da ministra, é fundamental para que todos e todas repudiemos e acabemos com a violência contra as mulheres, onde elas estejam”, concluiu a ativista.

*Colaborou Sayonara Moreno, da Rádio Nacional.

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