Em edição luxuosa, livro conta história de Beth Carvalho e sua relação com Maricá
Edição luxuosa, fotos raras e textos emblemáticos sobre a história da Madrinha do Samba. Assim é o livro “Beth Carvalho em Maricá: O samba é aqui”, que está sendo lançado pela Prefeitura de Maricá, por meio da Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar).
A publicação aborda desde sua entrada para o mundo do samba até a façanha de ter a primeira música tocada fora do planeta Terra. “Coisinha do pai” foi executada por uma sonda da Nasa em Marte!
E vai além, afinal, a carreira de sucesso da madrinha só foi interrompida em 2019, quando morreu a dias de completar 73 anos.
O livro também se debruça sobre a relação da sambista com Maricá, onde morou. Traz histórias sobre as intermináveis rodas de samba na sua casa e detalhes íntimos relatados pela sua própria filha, Luana Carvalho:
“Meus pais se conheceram num churrasco em Itaipuaçu (bairro de Maricá, distante do endereço dela, em Cordeirinho) e se apaixonaram jogando biriba e pingue-pongue a madrugada inteira”, contou Luana em seu belo artigo.
Endereço do samba
“A casa que Beth Carvalho viveu é um marco para o samba em Maricá. O museu que estamos construindo lá vai mostrar não só a vida dela, mas a influência que exerceu sobre o samba e sobre os nomes de gerações de sambistas, escrevendo a história do ritmo”, diz Gringo Cardia, responsável pela museografia da casa e curadoria do livro, ao lado de Simas. O museu, onde era a casa da cantora, na praia de Cordeirinho, está sendo preparado pela Codemar.
Forte, Beth chegou a apresentar shows deitada por conta de problemas na coluna. Mas a sua força não era só física, se manifestando ainda através de sua voz inconfundível e no poder de enxergar talentos. Se por um lado “resgatou” Cartola e Nelson Cavaquinho, na década de 1970, nos anos 1980 foi ela quem deu visibilidade para a nova geração, com Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Jorge Aragão, Xande de Pilares, Dudu Nobre e outros grandes nomes.
O livro
Com curadoria de Gringo Cardia e Luiz Antonio Simas, conceituado pesquisador e historiador do samba, o livro não está à venda, mas poderá ser consultado em bibliotecas de Maricá, incluindo as escolares. Também serão distribuídas unidades a personalidades ligadas ao mundo do samba.
A obra reúne grandes nomes da cultura em textos sobre Beth. Contribuíram, além de Gringo e Simas, Ricardo Cravo Albin, Leci Brandão, Rildo Hora, Leonardo Bruno, Hugo Sukman, Diogo Cunha, Vinícius Natal, Maurício Barros de Castro, Gisella de Araujo Moura, Marcelo Moutinho, Luana Carvalho, Rafael Haddock Lobo, Eduardo Goldenberg, Giovanna Dealtry, Angélica Ferrarez de Almeida e Bete Capinan. O prefeito de Maricá, Fabiano Horta, e o presidente da Codemar, Hamilton Lacerda, também assinam artigos.
Criado na ampla casa da artista na Praia de Cordeirinho, a Casa Museu Beth Carvalho vai guardar parte do acervo da artista, com fotos, discos e figurinos. Vai também ser um espaço de fomento do samba, com programação de rodas e shows, como ela mesma gostava.
O espaço vai integrar o Circuito dos Museus, que inclui espaços semelhantes nas casas onde viveram Maysa e Darcy Ribeiro, todas na mesma Praia de Cordeirinho, a poucas quadras uma das outras. Um deque pela orla ligará os espaços e a Praça das Utopias, com equipamentos culturais e infraestrutura para frequentadores da orla.
Carioca da gema
Carioca da Zona Sul, pode-se dizer que o samba roubou o talento de Beth Carvalho da Bossa Nova. De posse do coração da artista, o ritmo a fez atravessar os túneis da cidade e se encontrar em meio aos bambas na Zona Norte. Resgatou nomes, como dito, e revolucionou o samba levando o tantã e o banjo do Cacique de Ramos para o grande palco. A vivência na Zona Norte provavelmente também ecoou valores que aprendeu em casa, com o pai, um político alinhado a temas sociais.
“Tem uma beleza muito grande em construir um museu em uma casa que a minha mãe escolheu para passar momentos da vida dela e, o que vocês estão fazendo aqui em Maricá, com suas políticas públicas e sociais, é um exemplo para o país e muito fidedigno com as ideias da minha mãe”, declarou Luana Carvalho, filha de Beth, quando a casa foi adquirida pela Codemar: “Não é só um imóvel, há muito sentimento naquela casa, há muita intimidade, vivemos ali verdadeiramente”