Melhorias levam água encanada, pela primeira vez, para população
Ações são fruto de mudanças impostas pelo Marco Legal do Saneamento, que estimulou leilões como o do Rio de Janeiro
“Só quem nunca teve água no cano sabe o que é abrir a torneira em casa e ver sair este líquido precioso. Para quem sempre teve pode parecer banal, mas não é. A gente que viveu anos na função de pegar água longe, para fazer comida, lavar a roupa e pensar que no dia seguinte tem que fazer isso de novo, sabe e dá importância. Sou realmente muito grata”. Este é o depoimento da moradora de Duque de Caxias, Cristiane Vilela, que passou o primeiro Dia Mundial da Água – ontem (22 de março) – tendo a dignidade do abastecimento residencial.
Até o último mês ela era uma entre 1,3 milhão de pessoas que ainda não têm acesso à água tratada no Estado do Rio de Janeiro. Os dados, do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ainda alertam que no Brasil são cerca de 33 milhões sem esse direito básico.
A perspectiva da mudança deste cenário surgiu com o Marco Legal do Saneamento Básico, aprovado em julho de 2020. Ele determina que a universalização do saneamento básico chegará a todos os municípios brasileiros até o ano de 2033.
A primeira concessão dentro das normas dessa nova lei é a do Rio de Janeiro. A concessionária Águas do Rio desponta com um grande desafio: levar saneamento básico para 10 milhões de pessoas, em 27 municípios do estado, e com o maior investimento já destinado ao setor no Brasil: R$ 52 bilhões. Somente em obras diretas nos sistemas de água e esgoto os recursos ultrapassam R$ 24 bilhões ao longo da concessão.
“Quando falamos em milhões de pessoas e bilhões de reais, estamos falando de uma transformação social, ambiental e econômica. Em um compromisso com quem ainda vive à margem desses serviços essenciais, principalmente moradores de comunidades. Desde o primeiro dia estamos nas ruas, com obras e uma equipe engajada em encontrar a solução para cada demanda que surge, promovendo a inclusão com a tarifa social e a saúde com a ampliação do acesso à água tratada e à coleta e tratamento de esgoto. A trajetória para a universalização em 2033 está sendo trilhada, dia a dia, pela concessionária, com o apoio de lideranças comunitárias, dos poderes públicos e da sociedade”, declara Alexandre Bianchini, presidente da Águas do Rio, que integra a Aegea, empresa líder do saneamento privado no Brasil.
Estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil expõe a relação do saneamento com as doenças de veiculação hídrica (diarreias, dengue, leptospirose, esquistossomose, malária, entre outras) apresentando dados de internação e óbitos causados pela ausência dos serviços de saneamento. A análise aponta a necessidade de que a agenda de investimentos no setor seja acelerada, para que mais pessoas recebam os serviços de água e esgoto.
E este tem sido o foco da Águas do Rio. No primeiro trimestre de atuação, já foram implantados mais de 60 km de tubulação. Em extensão, é maior que a da Avenida Brasil, importante via que corta a capital do estado. Em termos efetivos, toda esta estrutura melhorou o acesso à água tratada para milhares de pessoas, que assim como Cristiane, passaram a ter água em suas residências com regularidade.
A concessionária trabalha na recuperação e ampliação dos sistemas de saneamento básico, de forma contínua, dentro de um planejamento de curto, médio e longo prazos. Neste caminho, o Rio de Janeiro terá dois grandes marcos: o primeiro, em 10 anos, quando 99% da população tiver acesso à água tratada, o segundo, dois anos depois, com a universalização da coleta e tratamento do esgoto.
“A Águas do Rio também está empenhada em protagonizar a recuperação da Baía de Guanabara, e não é apenas mais uma promessa, há recursos financeiros destinados, planejamento e metas a serem alcançadas. E protagonizar significa fazer ir além de implantar o esgotamento sanitário. É movimentar a sociedade para que outras ações, de igual relevância, sejam realizadas, para a despoluição da baía, e o resgate do orgulho do carioca e do fluminense em ter esse patrimônio mundial, reconhecido pela ONU”, destaca Bianchini.
INVESTIMENTO NA DESPOLUIÇÃO DA BAÍA DE GUANABARA
Um dos maiores desafios ambientais do Estado é a despoluição da Baía de Guanabara, que exige a atuação conjunta e contínua, não só da Águas do Rio, mas também do poder público – governos municipais, estaduais e federais – e da sociedade. Este trabalho requer, além da suspensão do lançamento de esgoto doméstico na baía, o controle de resíduos sólidos, o uso correto do solo, a liberação de licenças para ocupações ordenadas e ambientalmente corretas e um forte movimento social, envolvendo a população nesta missão.
Em relação a coleta e tratamento de esgoto, há um investimento de R$ 2,7 bilhões para que, nos próximos cinco anos, sejam construídos coletores de esgoto no entorno da Baía de Guanabara, formando cinturões de proteção que vão evitar o despejo de mais de 1,3 milhão de litros de esgoto sem tratamento nesse cartão postal. Para receber o esgoto que passará a ser coletado, a Águas do Rio está recuperando as estações de tratamento, que hoje não funcionam em plena capacidade. A principal delas, a Estação Alegria, no Caju, por exemplo, tem capacidade para tratar 2.500 litros por segundo e funciona apenas com 50% de vazão. “Estamos vendo agora a Baía da Guanabara sobre outra ótica, que não a que predominou por anos, de falta de perspectiva. As medidas concretas que apresentamos para a recuperação ambiental desse patrimônio mundial, marca o novo momento do saneamento básico que o Estado do Rio de Janeiro está vivendo”, conclui o presidente da Águas do Rio.
Foto: Cristiane (à esquerda) com marido, nora e netos em sua casa em Duque de Caxias