Pobreza menstrual e saneamento básico são temas de palestra para jovens estudantes (COM FOTOS)
Semana da Mulher
Pobreza menstrual e saneamento básico são temas de palestra para jovens estudantes
Águas do Rio promove série de encontros para mais de 400 alunos da rede pública de ensino do Rio
A primeira ideia que vem à mente quando falamos em pobreza menstrual é a distribuição gratuita de absorventes. Porém, ao ampliarmos a discussão, fica fácil perceber a relação entre esse problema de saúde pública e o saneamento básico. O acesso aos serviços de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto é fundamental para a realização da higiene íntima e pessoal, e esse é um dos principais pontos da discussão sobre o assunto. Entre as adolescentes, uma das consequências da pobreza menstrual é a evasão escolar.
Para promover o debate entre jovens estudantes de 13 a 17 anos, a Águas do Rio iniciou no Dia Internacional da Mulher (08/03), na Escola Municipal Deputado Hilton Gama, na Pavuna, uma série de encontros que acontecerão durante o mês de março. Esta sensibilização será levada para mais 400 alunos em escolas da rede pública municipal. Além da conversa, as turmas dos ensinos fundamental e médio também participarão de uma oficina de pintura sobre a temática.
Ana Paula Barbosa, aluna do 9º ano, participou da ação e comentou sobre a importância do tema ser tratado também com os meninos. “Na escola onde eu estudava nunca foi falado sobre esse assunto. Eu não sabia a relação entre menstruação, água e saneamento. Descobri isso hoje. Por isso, esse assunto deveria ser falado em todas as escolas, não só para as meninas, mas principalmente para os meninos, como aconteceu aqui, porque eles também convivem com a gente na escola”, comenta Ana Paula.
O abandono das aulas está diretamente ligado à falta de itens para realizar a higiene adequada durante o período menstrual, como por exemplo, papel higiênico, sabonetes e absorventes. Até mesmo questões estruturais, como a falta de banheiros individuais e de água nas instalações das escolas impactam na abstenção. Outro fator tem relação com a estigmatização da menstruação, que afeta a saúde mental em função da discriminação em situações que causam constrangimento e humilhações, principalmente entre as mais jovens.
“Muitas meninas improvisam e substituem itens de higiene por outros mais acessíveis, como pedaços de pano, miolo de pão e jornais, o que pode causar alergias, infecções e até problemas mais graves. O entendimento do próprio corpo e o conhecimento do ciclo menstrual fazem parte dos assuntos que abordamos na roda de conversa. O acesso à informação, através de ações educativas é um grande passo para avançarmos no debate sobre a pobreza menstrual e a importância dos serviços de saneamento básico”, explica a analista de Responsabilidade Social da Águas do Rio, Dayane Medeiros.