Colapso na Moeda Mumbuca: comércio recusa, beneficiários sofrem e cambistas lucram em Maricá

O que deveria ser um modelo de economia solidária e inclusão social, hoje se transforma em um verdadeiro transtorno para milhares de maricaenses.
A Moeda Mumbuca, símbolo da inovação municipal e orgulho da economia local, não está sendo aceita em grande parte dos comércios da cidade — gerando indignação entre comerciantes e beneficiários de diversos programas.
Moeda travada e comércio desinteressado
Em diversos bairros de Maricá, é quase impossível usar a Mumbuca para compras básicas.
Postos de gasolina, revendas de gás, restaurantes e pequenos comércios deixaram de aceitar a moeda social, alegando problemas no aplicativo, dificuldade de repasse e falta de suporte técnico do Banco Mumbuca.
“A gente tenta comprar gás, mas o aplicativo não funciona ou o comerciante diz que não aceita mais. O dinheiro fica preso, e a gente sem ter o que fazer”, relata uma beneficiária do bairro de Itapeba.
Benefícios que vão além da baixa renda
Ao contrário do que muitos pensam, a Mumbuca não é destinada apenas à população de baixa renda.
Ela faz parte de uma rede de programas sociais e de valorização humana, como:
- 💜 Auxílio Recomeçar – voltado para vítimas de violência doméstica, ajudando-as a reconstruir a vida com autonomia financeira;
- 💙 Auxílio Cuidar – oferecido a tutores e tutoras de pessoas com deficiência, garantindo renda complementar para os cuidados diários;
- 💼 Auxílio Alimentação – recebido por servidores públicos municipais;
- 💰 Renda Básica de Cidadania (RBC) – benefício voltado à população de baixa renda;
- 🎓 Passaporte Universitário – apoio aos estudantes de tempo integral que dependem do auxílio para transporte e alimentação.
Ou seja, milhares de cidadãos ativos, trabalhadores e estudantes hoje enfrentam dificuldades para usar o benefício — o que demonstra que o problema ultrapassa as fronteiras da assistência social e atinge a economia de toda a cidade.
Enquanto isso, cambistas fazem a festa
A escassez de estabelecimentos credenciados abriu espaço para aproveitadores, que estão cobrando 17% de taxa mais R$ 10 de “serviço” para trocar Mumbuca por dinheiro.
Essas práticas ilegais, denunciadas em grupos de redes sociais, exploram justamente quem precisa do benefício para despesas básicas — como gás, transporte e alimentação.
Banco Mumbuca prioriza grandes redes, dizem comerciantes
Muitos comerciantes afirmam que o Banco Mumbuca tem priorizado os grandes mercados, enviando equipes para configurar sistemas e liberar pagamentos, enquanto o pequeno comércio — que faz a economia local girar — segue esquecido.
“Vieram ativar o sistema do supermercado grande, mas não vieram aqui. Liguei, mandei e-mail, ninguém responde”, relata o dono de uma mercearia em Araçatiba.
Promessas de atualização que nunca resolvem
O Banco Mumbuca informa que “os problemas serão resolvidos com novas atualizações do sistema”, mas usuários afirmam que as atualizações chegam e nada muda.
Erros no aplicativo, lentidão e falhas de autenticação impedem o uso regular da moeda.
Um sistema social que precisa voltar a funcionar
A Mumbuca já foi referência nacional em moeda social e políticas de redistribuição de renda, mas hoje enfrenta um colapso técnico e de credibilidade.
Enquanto o discurso oficial fala em “modernização e ajustes”, a população que depende da moeda segue presa num sistema que não cumpre sua função: garantir dignidade e autonomia.
Se nada for feito com urgência, a Moeda Mumbuca corre o risco de deixar de ser um símbolo de inclusão, para se tornar um exemplo de exclusão digital e ineficiência pública.