Maricá inaugura Museu Casa Darcy Ribeiro unindo tecnologia e interatividade

Imóvel transformado em espaço cultural serviu de residência para o antropólogo, em Maricá, e foi onde ele escreveu sua maior obra

Uma conversa profunda com a sociedade brasileira através das novas linguagens. Diálogos mediados por experiências sensoriais únicas usando instalações artísticas, vídeos, funk, rap, trap e outras músicas, além de slam e poesia. Tudo a partir da obra de um dos maiores antropólogos, sociólogos e educadores do Brasil. Esse é o Museu Casa Darcy Ribeiro, inaugurado nesta quarta-feira (19/06) na Praia de Cordeirinho, em Maricá, onde o pensador viveu e escreveu sua maior obra: “O Povo Brasileiro.

O imóvel, uma casa projetada por Oscar Niemeyer a pedido de Darcy com arquitetura inspirada em ocas de povos indígenas que vivem no Xingu, recebeu obras interativas que conversam com o trabalho do autor destrinchando a formação da civilização brasileira.

A curadoria e o projeto do museu são assinados pelo artista Gringo Cardia. A iniciativa é da Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar).

Interatividade e experiências

Há dois cinemas, sala de karaokê e outros espaços interativos. Enquanto o karaokê coloca fundos temáticos e envia o vídeo gravado diretamente para o e-mail do visitante, uma outra sala convida as pessoas a dançar: quanto mais gente dançando e mais movimentação na pista, mais as luzes também entram no ritmo.

Há salas mais contemplativas, como o cinema com espelhos infinitos, um mergulho profundo na obra do pesquisador. Acervo da vida íntima do sociólogo, como a escrivaninha que usava e o seu fardão da Academia Brasileira de Letras estão em exposição.

Além dos espaços interativos, o Museu Casa Darcy Ribeiro tem um estúdio de podcast de uso gratuito e público mediante agendamento, biblioteca, auditório, café e espaços de vídeos para visualização do acervo, que incluem imagens históricas do pesquisador e depoimentos contemporâneos de quem conviveu com Darcy, se inspira nele e pensa uma sociedade mais justa.

Dimensão

“A gente tem aqui a vivência de um brasileiro que era um grande cidadão do mundo. Alguém que pensava toda a dimensão da identidade do povo brasileiro.
Esse museu carrega um legado muito forte de busca do nosso significado enquanto sociedade brasileira e civilização”, destacou o prefeito de Maricá, Fabiano Horta.

Para o presidente da Codemar, Hamilton Lacerda, o museu casa é mais que uma obra.

“Nós estamos abrindo a casa para toda a população. Um museu que conta a história, demonstra qual foi o legado que Darcy Ribeiro deixou para a gente. Um equipamento que provoca o povo brasileiro a pensar no nosso futuro, numa soberania, na valorização da história e o papel dos pretos, dos povos indígenas e do brasileiro como um todo”, disse Lacerda.

Uma casa especial

Para o curador que assina o projeto, o artista Gringo Cardia, essa é uma obra especial e que talvez seja a casa “mais mágica” que há no Rio de Janeiro.

“Ele abriu várias portas para a educação, para a igualdade social, para os povos indígenas e para tanta coisa bacana que as pessoas vão sentir aqui. E nessa casa a gente trouxe muitos depoimentos das pessoas, porque a gente acha que o povo de Maricá tem que estar aqui dentro, contando essa história junto, porque é uma história do povo brasileiro”, contou.

Um lugar de representatividade

As indígenas Martinha Mendonça, do povo Guajajara e diretora da Escola Municipal Indígena Guarani Para Poty Nhe'ë Ja, e Suzana Para`i , do povo Guarani Mbya, que faz parte do Conselho de Lideranças da Aldeia Mata Verde Bonita, visitaram o museu e seu anexo durante a inauguração.

“Darcy esteve entre os povos indígenas e aprendeu nossos costumes e defendeu nossa causa. Temos muito carinho por ele porque ele foi uma das pessoas que lutaram muito pelos direitos dos povos indígenas”, comentou Suzana.

A professora Martinha apontou para a importância das informações sediadas em Maricá, que conta com territórios indígenas.

“É muito importante ter contato com o museu como ponto de apoio pedagógico para discutir a diversidade indígena no Brasil. Para nós, povos indígenas, é a realização de um sonho que é a nossa cara, a nossa diversidade sendo mostrada num espaço tão importante e que tem a cara do Brasil”, falou.

CIEP na veia

A professora Carla Vilardo, que atua no CIEP (uma das grandes contribuições de Darcy para a educação) 391 Professor Robson Mendonca Lou, em Inoã, apontou o local como especial.

“Quando eu vim morar na cidade, a casa de Darcy Ribeiro foi o primeiro lugar que eu visitei. É muito bom ver toda essa revitalização e o que esse museu vai trazer para a população local”, disse.

Horários

O Museu Casa Darcy Ribeiro fica na Rua Darcy Ribeiro, 395, em Cordeirinho, Maricá. O espaço fica de frente para a praia. O funcionamento, a partir da inauguração, será de quarta-feira a domingo, das 10h às 19h, inclusive em feriados. A entrada é gratuita. A programação pode ser acompanhada pelo Instagram @casadarcyribeiromarica ou pelo perfil da Codemar @codemarmarica.

Inauguração (Fotos Leonardo Fonseca) –   https://www.flickr.com/photos/codemar/albums/72177720318059732/

Museu Casa Darcy Ribeiro (Fotos: Leonardo Fonseca) – https://drive.google.com/drive/folders/1jp0WtuYdbwSWOK28R2qgX9O2zf2YyKj0?usp=sharing


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