Caos no Rio de Janeiro, até agora 35 ônibus foram incendiados
Segundo a Polícia Civil, os ataques foram praticados por um grupo de milicianos em represália à morte do vice-líder da quadrilha, ocorrida horas antes, durante um confronto com policiais civis numa favela de Santa Cruz, bairro da zona oeste.
Por volta das 17h, o município do Rio entrou em estágio de mobilização, o segundo de uma escala de cinco, e significa que há risco de ocorrências de alto impacto na cidade.
Matheus da Silva Resende, de 24 anos, é sobrinho de Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, que desde 2021 é o líder do principal grupo miliciano que atua no Rio. Resende, conhecido como Teteu ou Faustão, era o segundo na hierarquia do grupo, segundo a polícia.
Ele foi morto durante confronto com policiais civis da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), o grupo de elite da Polícia Civil fluminense, e do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), na favela Três Pontes, em Santa Cruz. Nessa mesma operação, uma criança de dez anos foi atingida de raspão na perna por uma bala perdida.
Depois da morte, os ônibus começaram a ser atacados e incendiados. O Centro de Operações Rio (COR-Rio), órgão da prefeitura que monitora a cidade por meio de câmeras, informou que o primeiro ônibus que pegou fogo estava na Rua Felipe Cardoso, na altura do BRT Cajueiros, em Santa Cruz, na zona oeste.
Segundo o sindicado das empresas de ônibus, esse já é o maior ataque a ônibus da história do município do Rio. São 20 de linhas municipais, cinco do BRT e dez avulsos, de fretamento. Pneus também foram incendiados e veículos atravessados em vias expressas da cidade.
No BRT Transoeste, corredor de ônibus que atende a zona oeste, apenas duas linhas estavam funcionado à tarde. Os demais foram interrompidos. Pelo menos 32 escolas interromperam as aulas em função dos ataques.
Mais cedo, o governador Cláudio Castro havia parabenizado os policiais que participaram da operação que resultou na morte de Matheus da Silva Rezende. “Não vamos parar! Nossas ações para asfixiar o crime organizado têm trazido resultados diários”, disse o governador. “Hoje demos um duro golpe na maior milícia da zona oeste. Além do parentesco com o criminoso, ele atuava como ‘homem de guerra’ do grupo paramilitar, sendo o principal responsável pelas guerras por territórios que aterrorizam moradores no Rio.”
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, por sua vez, desqualificou os milicianos nas redes sociais. “Quando o sujeito além de bandido é burro”, escreveu. “Milicianos na zona oeste queimam ônibus públicos, pagos com o dinheiro do povo para protestar contra a operação policial. Quem paga é o povo trabalhador. E, para piorar, tivemos que interromper o transporte na zona oeste para que não queimem mais ônibus. Ou seja, os únicos prejudicados: moradores das áreas que eles dizem proteger! Essa gente precisa de uma resposta muito firme das forças policiais!”